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18/08/2013

Domingo, 18.08.13

Às vezes medito,

Às vezes medito, e medito mais fundo, e ainda mais fundo

E todo o mistério das coisas aparece-me como um óleo à superfície,

E todo o universo é um mar de caras de olhos fechados para mim.

Cada coisa — um candeeiro de esquina, uma pedra, uma árvore,

E um olhar que me fita de um abismo incompreensível,

E desfilam no meu coração os deuses todos, e as ideias dos deuses.

 

Ah, haver coisas!

Ah, haver seres!

Ah, haver maneira de haver seres

De haver haver,

De haver como haver haver,

De haver...

Ah, o existir o fenómeno abstracto — existir,

Haver consciência e realidade,

O que quer que isto seja...

Como posso eu exprimir o horror que tudo isto me causa?

Como posso eu dizer como é isto para se sentir?

Qual é alma de haver ser?

 

Ah, o pavoroso mistério de existir a mais pequena coisa

Porque é o pavoroso mistério de haver qualquer coisa

Porque é o pavoroso mistério de haver...


Alvaro de Campos

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publicado por Rotiv às 00:03


1 comentário

De DyDa/Flordeliz a 18.08.2013 às 03:03

"O que fazemos é o que somos.
Nada nos cria, nos governa e nos acaba."


Bora lá a praticar.
Eu passo, agora vou ali de férias

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